O presidente Jair Bolsonaro disse
nesta segunda-feira que a Venezuela não pode continuar como está e apontou
risco de o país vizinho tornar-se uma espécie de Cuba ou de Coreia do Norte,
apontando que, se houver uma invasão na Venezuela liderada pelos Estados
Unidos, vai consultar o Conselho de Defesa Nacional e o Congresso para decidir
como o Brasil vai proceder.
“Quem está na vanguarda são os Estados Unidos. O Trump falou para mim lá,
publicamente, já falou antes, que todas as possibilidades estão na mesa. Que
que são todas as possibilidades? São todas as possibilidades. Ponto
final”, disse Bolsonaro em entrevista à rádio Jovem Pan.
“Agora o que o Brasil pode fazer? Vamos supor que haja uma
invasão militar lá. A decisão vai ser minha, mas eu vou ouvir o Conselho de
Defesa Nacional e depois o Parlamento brasileiro para tomar a decisão de fato
numa questão dessa daí. Agora, a Venezuela não pode continuar como está.”
Na entrevista, Bolsonaro fez a ressalva de que uma ação militar
na Venezuela pode levar a ações de guerrilha e levar tempo demais. Ele disse
que a atuação no momento do Brasil e dos Estados Unidos visa criar fissuras no
Exército venezuelano para tirar o apoio dado pelos militares do país ao
presidente Nicolás Maduro.
“A intenção que existe pelo americano e nossa também é
haver uma fissura, uma divisão, no Exército venezuelano. Não tem outro caminho.
Porque quem decide –falei isso um tempo atrás e fui criticado– quem decide se
o país vive numa democracia ou numa ditadura são as Forças Armadas.”
O presidente colocou ainda a proposta de reforma da Previdência
como uma das mais importantes de seu governo, e também afirmou que venceu a
eleição presidencial do ano passado graças à ajuda de seu filho Carlos
Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, nas redes sociais. Ele negou ainda que
gaste tempo demais nessas ferramentas.
“Entre Twitter, Facebook e Instagram, não me toma mais de
30 minutos por dia. Quem realmente me ajuda nessa coordenação é o Carlos
Bolsonaro, por isso muita gente quer afastá-lo de mim”, disse.
Levy atrasado
À rádio, Bolsonaro também criticou o que chamou de
“indústria de demarcação de terras indígenas” que, na avaliação dele,
inviabiliza uma política desenvolvimentista para a Amazônia.
“A demarcação que eu puder rever, eu vou rever”, disse
o presidente, acrescentando que, no encontro com Trump, disse a ele estar
aberto a parcerias com os EUA para explorar a região amazônica.
“Quando eu estive agora com o Trump, conversei com ele
entre outras coisas, que eu quero abrir para ele explorar na região amazônica
em parceria. Como está, nós vamos perder a Amazônia.”
O presidente também fez uma cobrança pública ao presidente do
banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, ao
afirmar que ele está atrasado em lhe entregar uma resposta sobre a abertura da
chamada caixa-preta do banco estatal.
“Temos alguns probleminhas, como no BNDES, que está
faltando transparência, sim. Já conversei com o Levy, já conversei com o Paulo
Guedes. Está faltando mais transparência para o BNDES”, disse.
“Eu tive uma conversa há três semanas –mais uma– com o Levy nesse sentido. E já está atrasada uma resposta dele à minha pessoa. Estive viajando essas três semanas e, semana que vem, no máximo –está começando uma agora– vou cobrar dele essa questão de abrir completamente, abrir para leigos”, acrescentou.
(Fonte: Eduardo Simões/Reuters)