Dantas declarou à polícia que ambos estavam num barco do tipo “rabeta”, com motor de menor potência, quando avistaram a “voadeira” das vítimas, embarcação mais rápida. Ao se aproximarem dos “turistas”, Pelado já tirou a espingarda 16 e apontou para os dois. Pelado teria atirado primeiro no “magrinho”, o jornalista Dom, e depois efetuado outro disparo, em Bruno.
Ainda de acordo com o depoimento de Dantas, o crime ocorreu no rio Madeira, próximo à comunidade de Santa Isabel. Depois dos disparos, diz, eles rebocaram o barco das vítimas e Pelado cobriu os dois homens para não chamar atenção. Por fim, chamou outros dois ribeirinhos par ajudá-los. Segundo Dantas, ele não conhece esses homens, mas um seria parente de Pelado.
Dantas informou que “foram entrando nos caminhos de água com o barco rebocado, até pararem num lugar mais escondido”. Ele teria ajudado a retirar os corpos do barco e a esconder os pertences das vítimas, enquanto os outros ficaram responsáveis por ocultar os cadáveres e o barco.
Dantas é natural de Manaus e vivia em Atalaia do Norte, na região do Vale do Javari, para se esconder de uma organização criminosa, que o jurou de morte por dívidas de drogas. Depois do crime, segundo ele, fugiu para Santarém, foi de ônibus até Manaus, depois para Rondonópolis e São Paulo. Ele afirmou ter se entregado à polícia porque “não aguentava mais a situação, o sentimento de culpa e o peso nas costas”, uma vez que tem filhos pequenos.
De acordo com investigadores, os fatos foram informados à Polícia Federal (PF), que está a caminho do DP.
Investigação
Três suspeitos já confessaram participação no crime: Dantas, Pelado e Jefferson da Silva Lima (o Pelado da Dinha). No domingo, a Polícia Federal informou que subiu para oito o número de suspeitos de envolvimento com as mortes . De acordo com a polícia, mais cinco homens que ajudaram a ocultar os corpos de Bruno e Dom na mata foram identificados. A polícia, porém, não informou os nomes. De acordo com os investigadores, elas auxiliaram na ocultação dos cadáveres.
No Brasil, crianças e adolescentes são as maiores vítimas de estupro
As crianças e adolescentes são as maiores vítimas do crime de estupro no Brasil. Segundo os dados do anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado hoje pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 61,3% das vítimas tem menos de 14 anos.
A faixa etária dos 5 aos 9 anos concentra 19,1% das vítimas; e de 10 a 13 anos, 31,7%. São 45.994 casos registrados entre essa população.
Em todo o ano de 2021, 66.020 estupros foram reportados em delegacias de polícia, um aumento de 4,9% em relação a 2021 – e o número pode ser muito maior, já que pesquisadores e especialistas em saúde apontam para uma grande subnotificação desse tipo de crime.
O documento afirma que 9 em cada 10 casos registrados foram de autoria de um conhecido, considerando os registros em que a informação estava disponível.
O perfil das vítimas segue o padrão das últimas pesquisas – 88% são mulheres, maiorias em todas as faixas etárias. As vítimas do sexo masculino são majoritariamente crianças; 52,2% são negras e 46,9% brancas. Amarelos e indígenas são menos de 1%.
De 2012 a 2021, quase 600 mil pessoas foram vítimas de estupro ou estupro de vulnerável o Brasil.