Fortes chuvas atingem a região metropolitana de Recife desde segunda-feira (23). O alto volume água provocou alagamentos e deslizamentos de terra em várias áreas da região.
Em comunicado nesta quarta-feira (25), a prefeitura do Recife anunciou a suspensão das aulas na rede pública e particular. “A Prefeitura orienta ainda a população a evitar deslocamentos na cidade no momento”, diz nota.
A Prefeitura do Recife está adotando uma série de medidas devido ao alto volume de chuvas registrado no Recife, sobretudo nas últimas 12 horas. Nas últimas 48 horas, o volume de chuvas acumulado na cidade foi de 258 mm. pic.twitter.com/cJfcRyvCvz
A Defesa Civil do estado informou que nas últimas 48 horas, foram registradas chuvas que chegaram a 258 mm em algumas partes da cidade, quase 80% do total previsto para todo o mês de maio, que é de 328,90 mm.
Das 17h da terça-feira (24) às 5h desta quarta (25), a Defesa Civil recebeu 78 chamados da população. O órgão informou que nenhuma das ocorrências foi grave.
Deslizamentos de barreiras foram registrados em Olinda, sendo um no Córrego do Abacaxi e outro no Córrego do Abacate, ambos no bairro de Águas Compridas.
De acordo com a última atualização da Defesa Civil quatro pessoas ficaram feridas e outras duas estão sendo procuradas por uma equipe do Corpo de Bombeiros.
Em vídeos compartilhados na redes sociais, é possível ver áreas de alagmento e deslizamento:
Situação da Avenida Recife. A cidade parou. Pessoas sofrendo com alagamento nas suas casas; rios, canais e córregos transbordando. Um caos completo. Falta política de moradia popular, saneamento básico, planejamento urbano para o povo trabalhador etc. #Recife#Pernambucopic.twitter.com/yVbHTq0xl2
— Jones Manoel – Youtube: Jones Manoel (@jonesmanoel_PCB) May 24, 2022
Familiares ajudam Bombeiros na busca por casal soterrado por deslizamento de barreira em Águas Compridas, Olinda. Nem sinal da Prefeitura de Olinda ou da Defesa Civil de Pernambuco no local. Essa imagem aqui é a negligência em seu mais alto nível. pic.twitter.com/DdjksOFKq2
Estudo da FGV é baseado em dados coletados pelo Disque-Denúncia
Criada por policiais no início dos anos 2000 com o argumento de impedir a entrada do tráfico nas favelas onde moravam, a milícia incorporou a venda de drogas aos seus negócios em cerca de um terço de seus domínios na cidade do Rio. Já os traficantes importaram práticas de extorsão típicas de grupos paramilitares na maioria das favelas que controlam.
É o que revela um estudo inédito feito por pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV), da Universidade de Chicago e da Escola de Administração, Finanças e Instituto Tecnológico da Colômbia. Com base em dados coletados pelo Disque-Denúncia, o trabalho detalha como os diferentes grupos criminosos que agem no Rio atuam de forma cada vez mais semelhante.
Um questionário sobre práticas criminosas, atividades econômicas e exploração de taxas pelas quadrilhas foi submetido a 337 moradores de 188 favelas da cidade do Rio — dominadas por três facções diferentes do tráfico e pela milícia — que ligaram para a central de atendimento do Disque-Denúncia entre setembro de 2020 e março de 2021.
As respostas revelaram porcentagens semelhantes de exploração de vários serviços em comunidades com atuação de traficantes e de paramilitares. Por exemplo: em 79% das áreas sob controle do tráfico há relatos de participação da facção na venda de pacotes de internet; enquanto o mesmo serviço é explorado em 80% dos locais dominados pela milícia. A situação se repete nos questionamentos sobre monopólio da venda de gás de cozinha, atividade explorada em 76% das favelas com ação de grupos paramilitares e em 62% daquelas controladas por traficantes, e do serviço clandestino de TV a cabo, presente em 82% dos locais com ação da milícia e em 78% daqueles sob domínio do tráfico.
Sem disparidades
Já a cobrança de taxas de segurança a moradores e comerciantes, registrada em 92% das localidades com a presença de paramilitares, foi relatada em 26% das áreas com atuação do tráfico. Por outro lado, 30% das favelas controladas por milicianos têm relatos de venda de drogas — presente em quase 100% das favelas dominadas por traficantes.
“O que percebemos é que, onde antes havia disparidades, hoje há semelhanças. Havia uma separação clara: o tráfico de drogas não explorava o morador, só vendia droga; já a milícia proibia a venda de drogas e vivia de formas de extorsão. Hoje, cada um dos grupos importou atividades do outro. Nas áreas dominadas por milícia, há relatos de tráficos de drogas. Nas áreas dominadas pelo tráfico, há cobranças por produtos lícitos e até de taxa de segurança”, explica Benjamin Lessing, diretor do Centro de Estudos sobre América Latina da Universidade de Chicago e um dos autores do estudo.