A taxa de desocupação ficou em 12,4% no trimestre fechado em fevereiro, acima dos 11,6% registrados no período encerrado em novembro pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada agora pelo IBGE.
O aumento representou a entrada de 892 mil pessoas na população desocupada, totalizando 13,1 milhões de trabalhadores nessa condição. Já a taxa composta de subutilização da força de trabalho ficou em 24,6%, somando 27,9 milhões de pessoas, pico da série histórica iniciada em 2012.
O grupo de trabalhadores subutilizados reúne os desocupados, os subocupados com menos de 40 horas semanais e os que estão disponíveis para trabalhar, mas não conseguem procurar emprego por motivos diversos.
“A desocupação voltou a subir, mas não é a maior da série. Neste mesmo trimestre, a maior foi de 13,2%, em 2017. Esperava-se que ela fosse subir, é um aumento que costuma acontecer no começo do ano”, explicou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
O rendimento médio real habitual (R$ 2.285) cresceu 1,6% frente ao trimestre anterior e ficou estável em relação ao mesmo trimestre do ano anterior e a fevereiro de 2018. A massa de rendimento real habitual (R$ 205,4 bilhões) ficou estável em ambas as comparações.
A massa de rendimento real habitual (R$ 205,4 bilhões) ficou estável em ambas as comparações.
O número de pessoas desalentadas, que chegou a 4,9 milhões, também é recorde da série, assim como percentual de desalentados, de 4,4%. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, foram mais 275 mil pessoas nessa condição.
“Dado que o desemprego chegou neste nível tão alto, isso alimenta o desalento também. Essas pessoas não se veem em condições de procurar trabalho”, explicou Cimar.
Em relação aos grupos de atividades, a Administração Pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (15,9 milhões de pessoas), a Indústria (11,67 milhões de pessoas) e a Construção (6,65 milhões de pessoas) foram os setores que tiveram a maior queda de ocupados: 574 mil, 198 mil e 155 mil pessoas a menos, respectivamente, na comparação com o trimestre encerrado em novembro. Já o setor de Transporte, armazenagem e correio (4,8 milhões de pessoas) foi o único que teve aumento na população ocupada (mais 133 mil pessoas).
“Essa perda no grupo de Administração Pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais se deu, basicamente, na educação, que perdeu 470 mil de pessoas. Esse processo também afeta muito o empregado sem carteira, principalmente na construção e indústria”, encerrou Cimar.
Detalhes do cenário
A população desocupada (13,1 milhões) cresceu 7,3% (mais 892 mil pessoas) frente ao trimestre de setembro a novembro de 2018 (12,2 milhões). No confronto com igual trimestre de 2018, manteve-se a estabilidade.
A população ocupada (92,1 milhões) caiu -1,1% (menos 1,062 milhão de pessoas) em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2018 e cresceu 1,1% (mais 1,036 milhão de pessoas) em relação ao trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018.
A população fora da força de trabalho (65,7 milhões) é recorde da série histórica, com altas de 0,9% (mais 595 mil pessoas) frente ao trimestre de setembro a novembro de 2018 e de 1,2% (mais 754 mil pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2018.
A taxa de subutilização da força de trabalho (24,6%) no trimestre encerrado em fevereiro de 2019 subiu 0,8 p.p. em relação ao trimestre anterior (23,9%). No confronto com o mesmo trimestre móvel do ano anterior (24,2%), ela subiu 0,4 p.p.
A população subutilizada (27,9 milhões) é recorde da série histórica, com alta de 3,3% (mais 901 mil pessoas) em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2018 (27,0 milhões) e de 2,9% (mais 795 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2018.
O número de pessoas desalentadas (4,9 milhões) é recorde da série histórica, ficando estável em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2018 e subindo 6,0% (mais 275 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre móvel do ano anterior.
O percentual de pessoas desalentadas (4,4%) manteve o recorde da série, ficando estável em relação ao trimestre anterior e subindo 0,2 p.p. contra o mesmo trimestre móvel de 2018 (4,2%).
O número de empregados no setor privado com carteira assinada (exclusive trabalhadores domésticos) foi de 33,0 milhões de pessoas, ficando estável em ambas as comparações. Já o número de empregados sem carteira assinada (11,1 milhões) caiu (-4,8%) na comparação com o trimestre anterior (menos 561 mil pessoas) e subiu 3,4% (mais 367 mil pessoas) comparado ao mesmo trimestre de 2018.
A categoria dos trabalhadores por conta própria (23,8 milhões) ficou estável na comparação com o trimestre anterior e cresceu 2,8% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (mais 644 mil pessoas).
O grupo dos empregados no setor público (inclusive servidores estatutários e militares), estimado em 11,3 milhões de pessoas, caiu (-3,8%) frente ao trimestre anterior e ficou estável frente ao trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018.