Quiosques abandonados na praia da Curva da Jurema, em Vitória, viraram dormitórios para moradores em situação de rua e espaço de usuários de drogas depois de terem sido desativados. Moradores e pedestres que passam pelo espaço dizem que falta segurança e manutenção no local.
A reclamação do aposentado Geraldo Batista, que costuma caminhar regularmente na orla, é compartilhada por outros moradores. Segundo ele, o abandono da área tira a beleza da região e coloca frequentadores em risco.
“É triste ver um cenário tão bonito como esse, um lugar tão lindo e maravilhoso, com esse abandono todo”, disse.
O construtor Lucrécio Nunes relata que muitas pessoas evitam passar pelo local por causa da presença de usuários de drogas e o aumento no número de assaltos. Para ele, o abandono dos quiosques potencializou o problema.
“Isso aqui é todo dia desse jeito. Todo dia passa o pessoal aqui usando droga”, comentou.
Problema igual na Praia de Camburi
Além dos quiosques da Curva da Jurema, outro ponto da cidade que preocupa quem mora nas redondezas e frequenta a região é a Praia de Camburi, que também tem quiosques fechados.
Na orla, dos 14 quiosques construídos, apenas nove estão funcionando. Os cinco que estão desativados vêm sendo depredados e moradores de rua passaram a dormir nos locais.
A cuidadora Silvana Maria Moraes, que é de São Paulo, criticou a falta opções de quiosques na Praia de Camburi.
“Senti falta de quiosques por estar acostumada com o litoral paulista, que tem bastante”.
Moradores em situação de rua
As praias da Curva da Jurema e de Camburi têm se tornado albergues a céu aberto durante a noite. Nas orlas, moradores em situação de rua usam as estruturas abandonadas dos quiosques para dormir. E, apesar das reclamações de quem passa pelos locais, eles dizem que não fazem mal a ninguém.
Caso de um homem, de 31 anos, que pediu para não ser identificado. Ele deixou Alegre, no Sul do Espírito Santo, em busca de emprego em Vitória, mas até agora não conseguiu uma oportunidade. Para viver, ele lava carros para tentar conseguir dinheiro.
“É até vergonhoso. É bem chato. Espero ter o melhor para todos nós que moram nas ruas, que é sair dessa vida. Espero que seja feita a vontade de Deus”, afirmou.
O pedreiro Tarcísio de Mello, que deixou Minas Gerais em busca de emprego no Espírito Santo, é outro homem que mora nas ruas da capital capixaba. A falta de esperança em mudar de vida assola o mineiro.
“Deus que me perdoe, mas eu acho que agora é só a morte mesmo. Vou aguentando aí até onde der, sei lá, nem eu sei a saída para isso”, concluiu.
O que diz a prefeitura
O presidente da Companhia de Desenvolvimento de Vitória, Leonardo Krohling, informou que os quiosques da Curva da Jurema vão passar por reformas e serão reabertos. O prazo dado pela prefeitura para que o comércio esteja novamente funcionando é até outubro de 2019.
Sobre o problema na Praia de Camburi, Krohling justificou que a previsão é de que todos os quiosques estejam funcionando até o próximo verão. A reportagem é do site G1.