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Estratégias da direita e a batalha pela liderança conservadora no Brasil

Vitória de Trump e Comunicação Conservadora: Quem e o quê guiará a direita brasileira até 2026?

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Por Tiago Turini

A análise da vitória de Donald Trump traz importantes insights sobre a dinâmica da comunicação política e suas implicações para campanhas futuras. Vejamos esses pontos com mais profundidade:

Influência Econômica na Comunicação

O capital foi um fator determinante. Nos EUA, como aqui, os recursos financeiros permitem desenvolver campanhas robustas que alcançam mais pessoas de forma mais segmentada. O marketing político atual, especialmente em plataformas digitais, exige investimentos para competir e superar algoritmos que priorizam conteúdos patrocinados. Um planejamento estratégico e uso eficaz do orçamento são essenciais, especialmente para candidatos com menor financiamento.

Construção de Comunidades e Sentimento de Pertencimento

Foto: Reprodução/Web

Trump conseguiu transformar seu slogan “Make America Great Again” – em português: “Torne a América grande de novo” – em um movimento contínuo, carregado de identidade e pertencimento. Ele reforçou a ideia de um projeto “de todos”, uma abordagem que fortalece o engajamento, tornando seguidores mais do que eleitores: participantes ativos de um ideal comum. No Brasil, campanhas podem se inspirar nisso para criar um senso de pertencimento comunitário em torno de propostas locais.

Narrativa Emocional e Simples

Foto: Tom Brenner/Reuters

A estratégia de envolver emoções como medo e esperança, somada a uma comunicação direta e acessível, é eficaz porque ressoa com a experiência cotidiana do eleitor. Os políticos que abordam questões que afetam diretamente o público, como segurança, emprego e valores culturais, conseguem captar a atenção e simpatia das massas. Esse estilo narrativo é aplicável ao Brasil, onde o eleitor valoriza um discurso que “fala sua língua”.

Fake News e Pânico Moral

O uso de notícias falsas ajudou Donald Trump a criar narrativas polarizadoras que fortaleceram a conexão com certos segmentos do eleitorado. Essas notícias, que ressoam mais com pessoas de extrema direita, frequentemente apelavam a emoções intensas como medo e indignação, aumentando o engajamento e impulsionando o compartilhamento em redes sociais.

Notícias falsas como denúncias de crimes cometidos por imigrantes comendo cães e gatos na cidade de Springfield, no estado de Ohio, distorções sobre opositores e desinformação sobre questões políticas criaram um ambiente de desconfiança e de “nós contra eles”, o que fortaleceu o apoio de grupos já inclinados a vê-lo como defensor da segurança e da “verdade” alternativa.

Esse uso estratégico da desinformação, mesmo que desmentido ao vivo durante um debate, muitas vezes cumpriu o objetivo de reforçar a imagem de Trump como um líder que “diz o que os outros não querem dizer” e combate os inimigos internos e externos. Como resultado, Trump se saiu vitorioso na cidade de Springfield.

Quem Será o Escolhido?

Montagem

Para o eleitor de direita no Brasil, a escolha entre o influencer Pablo Marçal, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como líder conservador pode depender de diversos fatores.

Bolsonaro está inelegível, mas ainda possui uma forte base de apoiadores leais e um histórico de influência política consolidada entre conservadores, especialmente devido ao seu mandato e ao discurso franco e direto que o caracterizou. No entanto, Tarcísio, com um perfil técnico e conservador, tem ganhado notoriedade por suas realizações administrativas em São Paulo, atraindo um público que valoriza a eficiência e a moderação no discurso, embora mantenha valores alinhados com a direita. Já Pablo Marçal, figura emergente com grande habilidade em comunicação e forte apelo em mídias digitais, pode atrair jovens eleitores de direita que buscam novidade e renovação. Já Ronaldo Caiado é conhecido por seu estilo direto e firme, com forte defesa de valores conservadores, do agronegócio e nas diretrizes de segurança pública, buscando sempre manter uma postura pragmática e de liderança.

O “herdeiro” dessa base de eleitores poderá ser aquele que conseguir alinhar autoridade e carisma com uma narrativa conservadora robusta, especialmente em temas como economia, valores familiares e segurança pública. Quem melhor compreender as demandas da base conservadora e fortalecer a identificação com esses eleitores pode se tornar o sucessor mais relevante do conservadorismo no Brasil.

Estudar esse ciclo eleitoral dos EUA permite uma visão sobre como as tendências de comunicação, especialmente no digital, estão evoluindo globalmente. As campanhas podem aplicar lições sobre o uso de narrativa emocional, criação de identidade coletiva e otimização de recursos para atrair, engajar e converter eleitores – e assim ganhar espaço competitivo no cenário atual.

 

 

Tiago Turini – Nascido em Cachoeiro de Itapemirim-ES, 44 anos, jornalista há 25 anos, estrategista de comunicação política, graduado em Tecnologia em Marketing, cursando MBA no Instituto IDP de Marketing Político e Comunicação Governamental.

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Diego Libardi e Léo Camargo: o desafio de construir reputação política

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Diego Libardi (esquerda) e Léo Camargo (direita), respectivamente, 3º e 2º colocados, nas eleições municipais de Cachoeiro de Itapemirim em 2024. Foto: Reprodução/Web

Por Tiago Turini – Jornalista e estrategista em marketing e comunicação política.

O dilema de Diego Libardi

Diego Libardi, candidato que ficou em terceiro lugar na disputa pela Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim nas eleições de 2024, enfrenta hoje um dilema que poucos políticos conseguem contornar: a dificuldade de consolidar uma reputação clara e consistente. A trajetória de Libardi revela uma série de movimentos confusos, que deixam ele mais distante do eleitorado que pretende conquistar e menos definido enquanto agente político.

Falta de foco: “ele é referência em quê?”

Historicamente, Libardi construiu sua imagem em torno de pautas específicas e de uma postura de gestor, mas agora parece buscar um reposicionamento que não se sustenta. A pergunta que surge naturalmente é: “ele é referência em quê?” Antes buscava se mostrar como um gestor moderno e eficiente, agora transita entre pautas ambientais, urbanísticas e digitais, correndo o risco de se tornar um “especialista em vários nadas”. Para o eleitor, essa falta de foco não passa despercebida. 

Por exemplo, confira esse vídeo publicado por Diego recentemente em suas redes sociais, sobre a queda de uma árvore e Jardim da Penha:

Desafios com o eleitorado em Cachoeiro de Itapemirim

Outro ponto crítico é a relação com seu eleitorado em Cachoeiro de Itapemirim. Diego já sofria com a dificuldade de ser reconhecido localmente, em grande parte por ter passado longos períodos fora da cidade. Ao se transferir de volta para Vitória – mesmo erro pós-eleitoral que ele cometeu em 2020 ao ser derrotado por Victor Coelho (PSB) – para atuar junto ao atual prefeito e pré-candidato ao governo do estado Lorenzo Pazolini (Republicanos), ele corre o risco de se distanciar ainda mais dos cachoeirenses, dificultando a consolidação de sua presença política onde ela mais importa. É um “lá e cá” que pode resultar em “nada para lugar nenhum”.

Acordos políticos e duplicidade de agendas

Deputados estaduais Bruno Resende (esquerda) e Allan Ferreira (direita) apoiaram a candidatura de Diego Libardi (centro). Foto: Reprodução/Web

Há ainda a questão dos acordos políticos. Libardi manteve negociações com deputados e líderes locais de Cachoeiro, como Allan Ferreira (Podemos) e Bruno Resende (União Brasil), para viabilizar sua candidatura a prefeito. Mas como conciliar esses compromissos com a proximidade política que agora busca em Vitória? A duplicidade de agendas e a falta de uma pauta consistente tornam essa equação ainda mais complicada.

Construindo reputação política: clareza e consistência

A construção de reputação política exige clareza de propósito e consistência de pauta. Diego Libardi mostra que, sem uma base consolidada, qualquer tentativa de reposicionamento corre o risco de parecer improvisada e desconectada do eleitor. Ele quer se mostrar como gestor dos novos tempos digitais, mas ainda precisa definir em que áreas pretende de fato se tornar referência. Até lá, a pergunta que fica é: o eleitor saberá reconhecer suas pautas ou só lembrará dele como um político que falava muito nas redes sociais, só aparece em Cachoeiro de quatro em quatro anos e não tem um foco claro?

Imagem comprometida e possíveis caminhos

Outro detalhe é que ele já está com a imagem comprometida e agora está comprometendo a reputação que construiu ao longo do tempo e que trouxe bons resultados para ele nas eleições de 2020 e 2024. Será que o caminho mais correto não seria montar sua base em Cachoeiro e fazer oposição ao governo de Theodorico Ferraço?

O exemplo de Léo Camargo

Ao contrário de Diego, o candidato que ficou em segundo lugar na disputa para prefeito de Cachoeiro em 2024, Léo Camargo (PL), tem construído sua pré-campanha a deputado estadual em Cachoeiro e região, levantando suas pautas com o público conservador e fortalecendo conexões com lideranças políticas locais, com grande possibilidade de colher bons frutos em 2026.

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